terça-feira, 14 de junho de 2011

Aquele

- Estou com frio, vamos entrar?
- Eu ainda não terminei meu cigarro.
- Mas eu quero entrar, não gosto desse tempo gelado.
- Sempre reclamando, acho que tu num vai mudar nunca.
Abaixei a cabeça, não queria mais estar lá, não tinha mais nada para ser dito, então fiquei calada.
Mas ele continuou insistindo na conversa:
- Por que você é assim, em? Por que somos sempre quase?
Dei um suspiro, as palavras quase sairam, mas eu percebi que não tinha como responder aquela pergunta, permaneci em silêncio.
Ele acendeu mais um cigarro, me puxou contra seu peito, continuei de cabeça baixa (não suportava olhar seus olhos tão quentes e profundos) em silêncio tivemos nossa conversa mais longa.
Suspirei mais uma vez e continuando de cabeça baixa eu disse:
- Vamos entrar agora? soltando-me de seu peito, fui indo em direção a porta.
Ele segurou minha mão, me puxou de novo, segurou meu rosto e num golpe rápido me roubou um beijo.
Fiquei sem reação, só queria entrar. Me segurando pelos dedos, ele olhou fundo nos meus olho e disse:
- Esse frio que tu senstes vem ai de dentro, Guria.
Então eu tremi.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Luz

Tudo era branco e preto, as pessoas passavam assim por mim como se as cores não existissem. E isso era indiferente, não doia e nem agradava, era simplismente normal.
Mas um dia, algo novo estava lá, bem de longe eu avistava um pontinho no céu, um brilho, algo que prendia minha atenção, um brilho.
Voltei lá durante todos os dias, eu gostava do brilho, ele foi se aproximando e se tornando luz, iluminando e colorindo tudo que existia em volta, essa luz me envolvia e me fazia querer cada vez mais.
E quanto mais eu queria que aquela luz brilhasse, mais ela se aproximava e mais eu me entregava.
Aquela luz me cegara por completo, me aquecia e me fazia sentir uma necessidade fora do comum.
Ela se aproximava, e o que antes aquecia, agora queimava, doia muito porém não queria que ela parasse de brilhar.
Entao um certo dia a luz se apagou, ainda ardia muito e meus olhos ainda não enchergavam, mas o que mais machucava era a falta daquela luz.
Era insuportável ver tudo branco e preto de novo, parecia que simplismente viver doia, cada vez que o ar invaida meu pulmão rasgava meu peito como se mil laminas afiadas entrassem sem dó.
Depois que a dor da falta da luz diminuiu, outras luzes apareceram, porém umas não brilhavam tanto, outras foram embora mesmo antes que sentisse o calor, algumas pareciam ser perfeitas mas logo se apagavam.
E algo que antes era tão comum hoje me parece vazio frio e escuro.
Por pior que fosse a dor da luz, viver no branco e preto se tornou insuportável.

(07/06/2009)

quinta-feira, 2 de junho de 2011

frio

Não que eu goste do que eu me tornei, ser fria não é uma opção minha.
Mas acho que buscar afetos onde eu só encontrei um enorme desprezo, uma enorme falta de consideração, onde as pessoas foram me substituindo aos poucos sem nem me dar a chance de tentar mostrar o que eu tenho de melhor, não me faria mais tão bem.
Só que eu sinto falta, sinto falta de ter uma melhor amiga que realmente se preocupa comigo e me conforta fazendo com que tudo fique bem, sinto falta de um amor que faça eu me sentir a pessoa mais feliz do mundo, pelo simples fato de faze-lo feliz.
Mas talvez isso não seja para mim, talvez eu tenha nascido para ser substituido, a pessoa que vive capitulos e não uma história.
De que vale o afeto então?
Eu só precisava de um motivo pra quebrar o gelo do meu coração, só não aguentaria que mais uma vez esse motivo fosse embora.