sábado, 29 de janeiro de 2011

amor nunca foi um verbo.

Uma parte de mim precisa ir embora, eu sei, ja não me pertence. Mas quando não resta mais nem um fio de esperança eu me agarro em um futuro do pretérito, onde viveriamos felizes para sempre, e sonhariamos com nossos filhos, cachorros, casa na praia com cerquinha branca, nas tantas vezes que esperariamos o sol nascer, e o quanto poderiamos nos dar bem.
Nada disso aconteceu, nada disso vai acontecer.
Você precisa ir embora, ja não pode mais ser uma parte de mim, existe um mundo, cheio de presentes e futuros, viver no futuro do pretérito, lembrando o que não voltara e o que nunca aconteceu só traz mágoas, só me prende num mundinho todo construído pra você, sem pontos finais, sem virgulas e eu fico la, perdida, pois no seu mundinho fui apenas algo entre parenteses, nada além de um preterito perfeito.
Mas amor não é tão simples, é preciso ser sempre conjugado na primeira pessoa do plural, nunca sozinho, nunca um amor pode ser completo só de "eu" ou de "tu".
Então agora eu deixo tu ides embora, e vou conjugar verbos como sonhar, sorrir, viver.
Afinal de contas, amor nunca foi um verbo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

uma parte de mim

Uma parte de mim gira em torno de ti.
Eu cansei de procurar uma saída, ou então cansei de mentir pra mim.
Não, eu não quero você pra mim, eu quero parar de querer tentar provar pra você o quão melhor eu sou, o quão independente, o quão feliz, e acho que tem dado certo, porque você tem acreditado em tudo isso.

Uma parte de mim te odeia.
E eu xingo, grito, perco ar falando o quão inconsequente, você foi comigo, repito e repito todos os erros cometidos, falo das coisas que poderiam ter acontecido, sinto uma raiva imensa de você, uma raiva imensa de uma parte de mim que é você, sinto como se você fosse a pior pessoa do mundo e tivesse escolhido a mim para mostrar isso.

Uma parte de mim te ama, mas essa parte vive calada.
E mesmo conhecendo todos seus defeitos, e mesmo sempre negando, sempre abaixando a cabeça, sempre aceitando os quases que vieram depois do seu grande quase que causou um estrago em mim, uma parte de mim só estava esperando o momento que você viesse, assim, pronto para eu poder perdoa-lo, pronto pra voltar pra mim, como numa insessante busca de você cair na real, mas na verdade quem sempre precisou cair na real foi essa parte. Mas ela sempre se calou e amou em silêncio seus mil defeitos e mil e uma qualidades.

Uma parte de mim precisa ir embora.
Em meio a tantos sentimentos presos, enrolados, cheios de nós. Nós dois, nós cegos, eu vivo prisioneira, vivendo em torno de uma dor, de um passado. Buscando alguém tão bom quanto você, que me faça tão feliz quanto você é com a sua namorada, que tenha um sorriso tão timido e torto quanto o teu. Busco alguém que seja tão melhor para que eu não precisa mais lembrar de você, e não me dou conta de que assim estou lembrando. Lembro tanto, busco tanto, fico tão presa em nós, em nós dois, em nós cegos que em mim restão apenas mais um nós, que são os nós da garganta.