sábado, 27 de agosto de 2016

Eu não sei de mais nada,

Estou numa idade que é difícil... Muito difícil. Já sei que não sou capaz de mudar ninguém, já sei que a partir de agora, tudo que vem, vem pra somar. Estou na idade de construir, conquistar, crescer, ganhar.
Já terminei uma faculdade que durou cinco anos, faculdade essa que lutei para entrar. Já passei muitos dias sem dormir no mesmo dia que acordei, porquê não tinha tempo. Cruzei a cidade para conciliar trabalho e estudo. Fiz muito por mim... Só por mim.
Já curti quase tudo que a juventude traz, já me entreguei para o mundo e já deixei que ele se mostrasse para mim.
Mas no auge de tantas conquistas e tanta certezas me vejo aqui mais uma vez, sozinha.
Não me entenda mal, estou cercada das pessoas mais incríveis do universo. Eu tenho ao meu lado parentes que dariam a vida por mim, os melhores amigos do mundo, pessoas que estão comigo no sim e no não, no MEU sim e no MEU não.
Mas essa solidão que paira em mim vem de dentro, é a solidão de quem já sofreu muito e viveu pouco, a solidão de quem nem pode se entregar. A solidão de quem não sabe o que é ser tudo para alguém e ainda sim ser alguém.
Solidão de quem aposta e não ganha, solidão de quem não sabe o que quer, porque não sabe o que é ser querido.
Ser assim, muito livre, muito seu, muito MUITO, acaba assim, afastando todo o resto.
Meu maior defeito é não poder errar, é não me permitir errar. Não aceitar o não, não aceitar nada que seja menos que tudo.
E assim, mesmo não conhecendo o tudo, querendo ser dona de toda a verdade e acabando aqui, sem ter ideia de verdade nenhuma.
Sempre fui a otimista, a menina do SIM, do sorriso fácil, da ideia que flui, sempre busquei construir alicerces... Não só construir, ser alicerces.
Sou amante da liberdade, liberdade que soma, liberdade que voa, liberdade que impressiona.
Liberdade que assusta, que afasta. Liberdade que é tão solitária, que não deixa espaço para mais nada.
Ser muito forte faz parte de mim. Queria ser pedra, pareço pedra... Mas nasci flor.
Será que alguém sabe quanto dói parecer pedra e ser flor? Será que alguém sabe quanto dói ser tão livre, mas tão livre, que nunca tem para onde voltar?
Mais do que receber várias vezes a mesma resposta de que o maior problema é o timing, que o problema é o ascendente, que o problema é a puta que pariu... Mais do que tudo isso, o que mais dói é o problema ser você. Por mais ridículo que pareça, ser você, com toda a liberdade, com todas as pessoas maravilhosas que te cercam (e te amam), com todas as suas conquistas (que você sabe que não foram fáceis), com toda sua vivência de coisas que quase foram.
As pessoas que querem construir, que querem somar, que querem conquistar e crescer. Todas essas pessoas não estão dispostas a lidarem com quases. Euentendo elas, também não quero lidar com alguns quases.
Mas os quases pessoais que eu não sei lidar, independem dos quases interpessoais que não lidam comigo.
É tão fácil desistir, deixar, ir pra próxima... Quando a gente sabe que a próxima espera algo ainda maior de nós.
Enquanto ninguém apresenta disposição para lidar com os meus quases, mesmo eles ignorando outros quases. Enquanto ninguém souber transformar essa liberdade tão linda em menos solidão... Eu fico aqui.
Sabendo falar só de mim, do que os outros não foram pra mim, do que eu espero que os outros sejam pra mim.
Menos quases.... Mais dispostos s lidar com os quases.
Prontos para apenas serem.